Refletindo um aumento de 5,4% em relação à pesquisa de 2017, nos últimos 12 meses 56,4% da indústria paulista foi vítima de algum crime. Roubos e furtos são os principais apontados e alimentam principalmente os mercados ilícitos de cobre (27% dos casos), matéria-prima/insumos (21%) e o produto pronto (13%). Estes e outros dados da Pesquisa de Vitimização da Indústria foram apresentados ao público hoje, 7/12, em evento na sede da Fiesp.
A pesquisa feita pela entidade é pioneira na análise da vitimização industrial do país. Sua primeira edição foi publicada no Anuário de Mercados Ilícitos 2016 e agora foram apresentados os resultados de sua quarta edição (2018-2022). O levantamento foi realizado no segundo semestre de 2022 com 399 empresas respondentes, sendo: 67% de pequenas empresas (5 a 99 funcionários), 24% de médias (100 a 499 funcionários), 6% grandes empresas (500 ou mais funcionários), 3% de microempresas (até 4 empregados).
Ao questionar como a indústria avalia o sistema legal de proteção, 98% dos participantes quiseram responder à pergunta. Destes, 84% avaliaram o sistema de justiça criminal como pouco ou nada eficiente. Quando perguntados sobre qual caminho deve ser seguido para melhoria desse cenário, 64% dos respondentes assinalaram alta concordância para que as penas sejam cumpridas integralmente (se condenado a 6 anos, cumpra-se 6 anos preso). Rejeitaram a afirmação “Promover mutirões de desencarceramento e medidas de ressocialização, pois prisão não tem resolvido o crime”, 55,6% dos respondentes.
“Quando a gente faz o cálculo econômico, é muito vantajoso ficar 8 meses detido e voltar rapidamente para o negócio, se o custo provocado pela ação judicial não for proporcional ao ganho do detido. O criminoso vai percebendo que o custo é baixo e isso cria um incentivo. Quando cria o incentivo, ele precisa apenas ser mais rápido, mais eficaz e mais violento para não ser preso. Isso acaba aumentando a violência criminal e o nível de confronto com a polícia” comentou João Henrique Martins, Cientista Político especializado em economia ilícita e Coordenador do Observatório de Mercados Ilícitos do Departamento de Defesa e Segurança (DESEG) da FIESP.
As 4 questões sobre medidas socioeconômicas e situacionais também receberam alto apoio. Melhorar a educação teve mais de 70% de alta concordância, melhorar o emprego e o salário 53,5% e melhorar a iluminação pública 85% de apoio, sendo 58,3% de alta concordância e 25,6% de média concordância.
Pela primeira vez foi investigada a vitimização por meios digitais. A hipótese da presença e crescimento, não só foi confirmada, como foi o evento mais citado pelos respondentes (15,5%). Dentre eles estão estelionato por meio de golpes pela internet, telefone ou com equipamentos eletrônicos, sequestro de dados e golpe do PIX. Atingindo principalmente as micro e média empresas, respectivamente, 18,2% e 19,8% de vitimização.
Das empresas que responderam, 4,5% sofreram concorrência ilegal de produtos falsificados ou pirateados, ofertados através de plataforma de marketplace ou e-commerce. O problema atinge principalmente as empresas médias, em que 7,3 % dos respondentes relataram vitimização. Pirataria e falsificação também foram investigados pela primeira vez. Dos respondentes, 2,3% relataram ter tido seus produtos falsificados.
Casos de agressão, dano ou vandalismo contra a empresa, pontos de venda e marketing, veículos identificados, foram relatados por 5,3% das empresas respondentes. O problema vem crescendo, a incidência no período anterior, entre o 13º e 36º mês anterior a pesquisa, foi de 3,5% e atinge principalmente as empresas grandes, em que 9% dos respondentes relataram vitimização.
A pesquisa de vitimização aprofunda o impacto econômico, como a perda de faturamento, a desistência de investimento em razão do risco de vitimização criminal e a avaliação das empresas sobre o desempenho das agências do sistema de justiça criminal na sua proteção e na resposta a vitimização recebida.
(Colaborou Assessoria de imprensa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo com fotos e textos)