O Diário do Vale - A Região no Mundo!
Search

‘Clóvão’, autêntico e amado por todos!

Alcir Clóvis Baldo ‘viajou fora do combinado’ em junho de 2013.

O poeta Almir Satter tem uma música que diz: ‘Velhos Amigos, quando se encontram, trocam notícias e recordações. Bebem cerveja no bar de costume e cantam em voz rouca, antigas canções’. Com certeza, todos nós um dia nos reencontraremos para recordar dos nossos bons momentos; só que junto ao Pai. Não terá cerveja para nos embriagar, nos alegrar, mas terá alguma bebida que nos inebriará, e nos arrebatará mais próximo ao Criador, nos levando ao êxtase, no Reino de Deus.
Hoje vou falar de um grande cidadão, que constituiu uma bela família, a qual convivo há quase 40 anos e fez um leque enorme de amizade, adorava o povo e o polvo (gostava de um arroz com polvo na praia). Era um degustador de maionese, comia ‘lambendo os beiços’. É o filhão do seu Antônio Baldo e da dona Thaíde Bonini Baldo. Esposo da maravilhosa Oscarlina Guioti Baldo, a nossa ‘Kalica’ – coloquei com ‘k’ para deixá-la mais elegante ainda, mãezona do Alcir Clóvis Baldo Júnior, do Alexandre ‘Xandão’ Baldo, meu amigo-irmão e compadre, e da Daniela, que após a ‘partida’ do pai, ouviu o seu coração e voltou junto com o esposo Ronaldo a morar em nossa cidade, para ficar com a família e dar seguimento na empresa da família, a ‘Indústria Sol’ e da ‘Indústria Flor de Lótus’.
Estou falando do Alcir Clóvis Baldo, que ‘viajou fora do combinado’, em junho de 2013. Alcir nos deixou um grande legado de batalhador no ramo da mandioca, fazendo farinha e por último fécula, sobreviveu a vários planos econômicos, a várias crises, sempre acreditando no amanhã, enxergando o horizonte, carregando o ‘dom de ser feliz e ser capaz’.
Outro legado, fora o exemplo de pai e esposo, foram as suas amizades; era amigo de todos, de seus colaboradores – mantinha uma amizade pessoal com pessoas de todas as classes sociais, de todas as religiões e de todos os pensamentos político-partidárias, isto era notório na famosa janta que fazia e servia às segundas-feiras, na Toca do Kalango, um lugar de lazer ao lado da sua fábrica, onde reunia pessoas de ‘vários credos’, se falava de tudo e os frequentadores tinham que respeitar todas as diferenças. Também reunia lá diferentes líderes partidários. Quando tinha alguma discussão, o Alcir ‘chegava junto’, colocando o ‘tempero do respeito’.
Uma vez eu e a minha alma-gêmea, a princesa Déa, perguntamos ao ‘Clovão’, apelido carinhoso dele na família, sobre esta janta e ele nos deu detalhes: “Começa domingo o preparativo; passo às 7h55 na casa do amigo José Fontana, para ver o que vamos fazer e ‘correr’ atrás e talvez preparar alguma coisa. Na segunda-feira à tarde já vamos para lá, fazemos três quilos de arroz, salada e um peixinho frito de entrada; e quem for leva três cervejas somente”.
Eu e a Déa o questionamos sobre os três quilos de arroz, se era suficiente. Ele falou: “Vai 20 ou 100, fazemos três quilos”. E sobre as três cervejas, ele disse que este tanto era suficiente, para os ânimos não se exaltarem. Já o horário das 7h55 fazia parte do ritual. Também o questionamos sobre os ‘bons de garfos’; não vou citar os nomes para não dar ensejo a alguma ação por danos morais, mas vou citar o sobrenome: Andreotti, Castilho, Zambito…
Por ser amigo do ‘Xandão’, frequentava quase todos os dias o seu escritório, que era ao lado do nosso salão, virando a rua Ângelo Pípolo, que por sinal em 1983 eu morava aqui na esquina. O escritório era onde ficava meu quarto, e depois mudou ao lado da rádio A Voz de Vale e para o ‘Edifício Geraldo Corrêa’, nome do saudoso sócio do Alcir. Para coroar a amizade que o Alcir dava tanto valor, colocou o nome no edifício, do amigo que ‘partiu para o outro lado do caminho’.
O prédio foi construído pelo Alcir e os sócios que tinha na empresa. Este edifício hoje sedia a ‘Credimota’, o banco onde temos inúmeros amigos e vêm crescendo na nossa região!
Como conversava muito com o Alcir também, um dia me perguntou se eu conhecia uma menina inteligente para trabalhar no escritório, e indiquei minha amiga Rosane Bueno, que trabalhou lá, depois foi fazer faculdade, aprimorou os estudos e retornou novamente à empresa e continua até hoje.
Também frequentava sua casa, porque o ‘Xandão’ era meu parceiro dos ‘embalos de sábado à noite’. Éramos vizinhos e durante vários anos ‘invadíamos’ a casa do Alcir e da ‘Kalica’ no final do ano, no Natal e Réveillon, porque eles iam para o Mato Grosso do Sul, na casa de uma irmã da ‘Kalica’, a Eleonora (Nena), casada com o ‘Doda’ Porto.
Vou abrir um parêntese para falar da nossa primeira festa na casa do Alcir. A Dani, que é fã da Banda Calypso, hoje atleta, junto com o esposo Ronaldo, filho do inesquecível Carlão da ‘Pró-Fórmula’ e da simpática Cidinha, ficou incumbida de assar o ‘chester’ para nós. Só que ela se esqueceu de tirar os ‘miúdos’, assou com até com o plástico; até hoje nos lembramos com alegria desta façanha…
Me considero da família, sempre estivemos juntos nas alegrias e tristezas. A primeira vez que fui na praia, o Alcir e a ‘Kalica’ me levaram, fui junto com ‘Xandão’ e a Dani. Como era um pouquinho agitado o ‘Clovão’ me chamava carinhosamente de ‘mosquito elétrico’.
Em 1993, o Alcir, depois de uma intervenção do amigo Aimoré, deixou e emprestou seu carro, um ‘Santana’ novo, para eu e o ‘Xandão’ irmos à praia com as namoradas, mas depois de um sermão; e não queria que a gente fosse de madrugada.
O Clovão era rígido, mas camarada. Deixou-nos o espírito batalhador. Inovador, nunca desistiu do seu gosto pela fabricação da farinha, passando por várias crises econômicas, ele e o ‘Xandão’ nunca desistiram desta empreitada. O ‘Xandão’ se entregou de corpo e alma à paixão do pai pelos negócios; de uma ‘arruela’, o ‘Xandão’ monta uma ‘caldeira’ e nos últimos tempos o Júnior veio agregar a sua capacidade no setor da administração, fazendo a parte do pai. Também chegou para somar o cunhado, o inteligente Ronaldo, dando continuidade ao legado que o Alcir deixou.
Ainda falando da sua amizade generosa, um conhecido nosso foi detido uma vez na delegacia, não sei se era por ‘pensão alimentícia’, e falou ao delegado que era sobrinho do Alcir. Como o Alcir era vizinho da delegacia e era conhecido, foram chamar o Alcir para socorrer o suposto sobrinho. Ao chegar lá, viu que se tratava de um amigo, o qual o Alcir o assistiu e com certeza deve ter dado uma dura nele!
A amizade do Alcir era tanta, que pudemos ver durante o seu velório. Pessoas simples passaram por lá com os olhos brilhantes e vermelhos, seus velhos e novos amigos de várias crenças religiosas, políticas e de todas as classes sociais também passaram por lá. O monsenhor Floriano Garcez também passou por lá, para ver o amigo e dizer a todos que o Alcir era um grande colaborador para suas obras. Disse que todas as vezes que pedia alguma ajuda, o Alcir o atendia de pronto e muitas vezes também o próprio Alcir fazia uma arrecadação entre amigos. O Alcir também participou do Rotary Clube; nas famosas feijoadas, sempre estava lá dando a sua contribuição.
Faltou falar de duas paixões do Alcir, o futebol, quando jovem era um eficiente centroavante, não perdia nenhum esporte na TV e também acompanhava o futebol amador. Não é por acaso que o Júnior e o ‘Xandão’ são os maiores craques do time da Toca! Fica quieto aí Didi Kotait, não estraga a minha crônica! Falando em maiores e melhores, foi feita uma enquete na Toca do Kalango, para a eleição do melhor ‘chef’ e o Didi ficou em terceiro lugar, atrás do ‘Xandão’ e do ‘Júnior’.
Outra paixão do Alcir era a pescaria; lembro que sempre, em companhia dos amigos, ia pescar lá no rio Miranda. Não vou citar nomes, só sei que o ‘Xandão’ e o Júnior também herdaram este gosto do pai. Por último, o Alcir sempre ia no seu rancho em companhia da querida esposa e companheira ‘Kalica’, que também adorava ir ao rancho. Vou parar por aqui senão vai virar um livro.
Eis um pouco deste cidadão, que sempre terá vida em nossos corações! ‘Qualquer dia Amigo, a gente vai se encontrar…’
Louvado seja o nosso Amigo e Senhor Jesus Cristo!

Romildo Pereira de Carvalho é cabeleireiro e historiador, colaborador voluntário de O Diário do Vale.

Ultimas Notícias!