Mais uma vez nos deparamos com tragédias humanas devido à ocupação territorial sem planejamento e gestão ambiental.
Petrópolis, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, é a recorrência da irresponsabilidade do poder público com as comunidades. Processo de urbanização às avessas confere, no mínimo a omissão dos governantes, senão a criminalização culposa por negligência administrativa nas três esferas: municipal, estadual e federal. Este último, mais ainda, por dizer que ‘faltou visão de futuro’ aos desalojados e desabrigados por habitarem áreas de risco, como disse em Franco da Rocha (SP), o executivo-mor do Brasil: “Muitas áreas onde foram construídas as residências, faltou alguma visão por parte de quem construiu, de futuro.”
Ora, a população vulnerável tinha alguma outra opção para morar, senão precariamente em regiões perigosas? Qual é o papel do gestor público na gestão pública, senão o de evitar tragédias públicas ou de precaver situações que expõem a cidadania aos erroneamente chamados ‘desastres naturais’? Pois de naturais só têm a origem, porque oriundos de forças destruidoras de chuvas torrenciais, perfeitamente previsíveis no verão tropical brasileiro. Resultam sim da dinâmica externa do Planeta Terra em cima de substratos geológicos. E estes degradados pela própria ocupação antrópica feito de forma desordenada porque não orientada pelo poder público. Tragédias humanas que muito bem poderiam ter sido evitadas pelos detentores do poder público se governassem com a devida racionalidade e humanismo. Equipes profissionais multi-, trans- e interdisciplinares, constituídas por geólogos, geógrafos, ecólogos, biólogos, engenheiros florestais, civis ou ambientais suprem de técnicas e tecnologias científicas o mercado de trabalho atual. O que falta sim, é visão dos governantes em utilizarem adequadamente dos serviços desses competentes profissionais na gestão pública, sob a ótica do planejamento, rural e territorial urbano, e execução de obras preventivas para evitar de executá-las na remediação, nesta infinitamente mais dispendiosas ao erário e com efeitos nefastos ao bem da vida ou fúnebres às famílias enlutadas pela tragédia humana previsível e evitável, o que é também muito pior ainda. Que se responsabilizem os verdadeiros culpados…
- José Reynaldo Bastos da Silva; cândido-motense, geólogo, mestre, doutor e pós-doutor em geociências e meio ambiente, planejamento e gestão; bacharel em Direito pela Fema (Assis-SP).