Há exatos 61 anos, o Brasil vivia um de seus momentos políticos mais conturbados, com a renúncia do 22º presidente da República, Jânio Quadros, que abriu mão de ser presidente do Brasil em 25 de agosto de 1961, sete meses após ser empossado. Natural de Mato Grosso do Sul, sua família residiu em Curitiba e em outras cidades paulistas, inclusive em Cândido Mota, quando o então futuro presidente ainda era adolescente.
De acordo com o professor universitário, jornalista e escritor Nelson Valente, em Curitiba Jânio estudou no Grupo Escolar Conselheiro Zacarias, mas a família transferiu-se para São Paulo, pois seu pai, Gabriel Quadros, instalou sua clínica médica e sua farmácia no Largo do Cambuci. Jânio foi matriculado, nesse ano, no Colégio Arquidiocesano. Quando estava no terceiro ano escolar, a família transferiu-se para a cidade de Lorena e Jânio foi matriculado no Colégio São Joaquim.
Segundo o memorialista Luciano Dias Pires, em Bauru o jovem Jânio estudou na escola Guedes de Azevedo, mas sua família residiria ainda em Garça e Cândido Mota, quando ele tinha seus 16 anos, antes de retornar a São Paulo, de onde não saiu mais.
Autogolpe
De acordo com historiadores ouvidos pela Agência Senado, sua renúncia seria o primeiro passo de um autogolpe de Estado, pois nos seus planos estava a expectativa de que o Congresso, as Forças Armadas e até o povo não aceitariam que ele se afastasse e lhe reconduziriam ao posto, momento em que exigiria mais poder para sua volta, do que o previsto pela Constituição de 1946. Porém, a mensagem enviada ao Congresso Nacional, após a distribuição de um bilhete escrito à mão, onde ele não deixou claro suas razões para a renúncia, foi aceita pelos parlamentares e demais forças do Governo, o que levou seu vice, João Goulart, a assumir sua vaga, após negociações e a mudança para o regime parlamentarista.
De acordo com o historiador Felipe Loureiro, especialista no governo de Jânio e coordenador do curso de relações internacionais da Universidade de São Paulo (USP), embora não se conheçam todos os detalhes do plano, a intenção do presidente era, mesmo, dar um autogolpe: “Jânio Quadros teve uma carreira política meteórica. No curto período de pouco mais de 10 anos, foi vereador, deputado estadual, prefeito, governador, deputado federal e presidente da República. Jânio sempre utilizou os partidos políticos de forma pragmática, conforme seus interesses, sem criar vínculos. Jânio acreditava que podia governar sozinho, sem dividir o poder com os partidos e o Legislativo”.
Se seu ato não teve sucesso, de acordo com o historiador e professor da Universidade Federal Fluminense, Daniel Aarão Reis, autor do livro ‘História do Século XX’, pode ter sido o ingrediente que faltava para que, três anos depois, os militares assumissem o poder federal.

Vida Política
Sua primeira eleição foi ao cargo de vereador. Mas, como prévia do que seria sua vida política, repleta de curtos períodos nos cargos, foi vereador por cerca de cinco meses e, em 1951, assumiu a cadeira na Assembleia Legislativa do Estado. Dois anos depois, deixou o Legislativo para assumir o Executivo. Sua campanha teve como slogan ‘O tostão contra o milhão!’, em representação ao embate de forças opostas, sendo Jânio o representante do povo, do homem humilde, lembrou Nelson Valente. Um ano depois, venceu as eleições para o Governo do Estado, mandato que foi substituído pelo de deputado federal pelo Paraná e, em outubro de 1960, aos 43 anos, foi leito presidente da República. Jânio Quadros morreu em 1992, aos 75 anos de idade.
(Fonte: Agência Senado)
(Fotos: Aquivo Nacional)