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A pioneira Família Alves dos Santos

Crônica do cabeleireiro, graduado em História e Bacharel em Direito, Romildo Pereira de Carvalho.

Esta crônica já estava em minha mente há anos, mas tudo tem o seu tempo. Em virtude do centenário da nossa cidade em 2023, retratar uma família pioneira da nossa cidade é mais que gratificante.
E tudo caminha para o bem, quando nos propomos a fazer o bem, mesmo havendo alguns contratempos, sendo assim, o meu amigo de fé, meu irmão camarada José Augusto Doná (Guto), que tem parentesco com a pioneira família Alves dos Santos – seu avô era o Benedito Alves dos Santos – é proprietário do jornal ‘O Diário do Vale’, também é um apaixonado incondicional em “juntar as letras” e por nossa gente. Ele me enviou recentemente uma matéria sua, que foi publicada há 10 anos no seu jornal, com base no relato do saudoso Sebastião Borges dos Reis, também apaixonado por nossa gente, por nossas tradições; ele é neto da batalhadora e uma lenda em nossa cidade, a amada Mariana Alves Borges, a primeira filha (provavelmente nasceu em 1888), do nosso pioneiro, o estimado senhor Herculano Alves dos Santos, há quem diga que ela veio de Minas Gerais a convite do irmão João Alves, que ficou encantado com a nossa terra. Mariana também é avó da bondosa Mariana Alves Borges Arruda, (mesmo nome da avó), que é casada com a lenda viva, o compadre Hélio Arruda, é mãe do Rodrigo, Eliane e do Rafael (“Pisca”), este também, um apaixonado pelas histórias da família, orgulha-se em ser filho e bisneto das “Marianas”. Eu morei na rua Mariana Alves Borges por um tempinho; há pouco tempo fiquei sabendo quem foi a Mariana.

Vamos falar um pouquinho desta numerosa e tradicional família.
Para isso, tive a ajuda de dois bisnetos do senhor Herculano; o amigo de longas datas, Giovanni Tácito, filho dos inesquecíveis João Alves dos Santos Filho (Joanin) e da sorridente Terezinha Tácito, ele é irmão da Assunta, Tânia e do Fernando – quando eu era criança, buscava leite na casa deles. Giovanni hoje é apreciador e importador de um bom vinho, também tive a colaboração do amigo e ‘guardião da memória afetiva’ da família Alves dos Santos, o dedicado Valmir Alves, que se dedica, com eficiência e presteza, a serviços na área de Consultoria Rural – é filho do inesquecível Herculano Alves dos Santos (mesmo nome do avô) e da bondosa Mercedes, irmão da Verinha, Ana Cristina, Sérgio e Zé Ricardo, este trabalha junto do irmão Valmir, uma dupla eficiente na assessoria rural; junto à equipe também está o Lucas, sobrinho da dupla, e à prima Ana Lígia, entre outros colaboradores que trabalham como uma orquestra sinfônica.
Por volta do ano de 1890, nossa região era um simples povoado, ainda na época do Império, a nossa região toda pertencia a José Teodoro de Souza, que veio de Minas Gerais, para colonizar a região, conforme alguns documentos históricos.


A família do senhor Herculano Alves dos Santos chegou aqui na Água do Pavão, onde comprou uma propriedade – seus familiares ainda hoje residem em Cândido Mota e se tornaram uma tradição, gente do bem, que sempre batalharam na terra.
Herculano era casado com a senhora Maria Baptista de Paula. Eles vieram de São João Del Rei/MG. Alguns anos mais tarde, ele adquiriu um pedaço da Fazenda Taquaral, localizada na Água do Macuco e Pari Veado. Por volta de 1893 nasceu outra lenda da família, o João Alves dos Santos (tem o mesmo nome do avô) e casou-se em 1917 com a senhora Maria Conceição Apparecida.
Em seguida nasceram Maria Baptista de Paula (mesmo nome da mãe), Benedito Alves dos Santos, Francisco Alves dos Santos, Antônio Alves dos Santos, José Alves dos Santos, Sebastião Alves dos Santos, este fez sua morada celestial muito cedo, por volta dos 18 anos.
De acordo com o volume 1 do livro ‘Genealogia das Minas Gerais’, os ‘povoadores dos caminhos do ouro’, tiveram como precursores, a família Alves dos Santos, isso é verídico e está registrado em documentos.
Os documentos obtidos no cartório de Botucatu confirmam que a família Alves dos Santos começou a vida no Brasil por São João Del Rei, com João Alves dos Santos, natural de Castelo de Paiva ou Freguesia de Santo André de Soutelo, bispado de Lamego, em Portugal e fez a morada celestial em São João Del Rei Era filho de Manuel dos Santos e de Josefa Ribeiro. João Alves dos Santos foi casado com a senhora Domingas de Oliveira (também citada no documento como Domingas de Oliveira Castro).
Os pais de João Alves dos Santos tiveram os filhos: Ana Alves dos Santos, Alferes João Alves dos Santos, Maria Vitória de Assunção, Antônio Alves de Oliveira, Luisa Alves dos Santos e José Alves dos Santos.
Algumas curiosidades desta bela e numerosa família; o Herculano Alves dos Santos, que chegou aqui por volta de 1890, provavelmente na mesma época que chegaram aqui outros pioneiros, a nossa cidade era um povoado, com a presença de indígenas. Ainda não tinha nem nome, o apelido de ‘Parada do Jacu’, ‘Posto do Jacu’ ou ‘Chave’, só veio com a chegada do ‘Picadão’, como era conhecido o trem, em 1914.
O Herculano teve duas filhas e seis filhos, já elencados acima, seis dos filhos, colocaram o mesmo nome do pai em seus filhos, o homem deveria ser uma alma boníssima e amado pelos filhos, por sua determinação em batalhar pelo sustento dos filhos e por deixar sua terra em busca do melhor.
O último neto do Herculano, que carregava o nome do avô, é o saudoso Herculano Alves dos Santos, pai do Valmir, que fez sua morada celestial em 2019.
Uma outra curiosidade vem do filho do Herculano, o saudoso João Alves dos Santos, que casou-se em 1917 com a Senhora Maria da Conceição Apparecida e tiveram os filhos e filhas: José, Paulo, Herculano, João Alves, Maria Aparecida (Nega), Alice, Lázara (Lazinha, a única viva dos irmãos), Paula (fez sua morada celestial recentemente, a mãe do saudoso Cidinho de Lima), Teresa, Laurinha (não está em ordem cronológica).

João Alves, praticamente passou toda sua vida no sítio na Água do Pavão, fez sua cavalgada para a morada celestial em 1987, a esposa Conceição fez sua morada celestial em 1986.
João Alves vinha à cidade a cavalo, as vezes subia na calçada, como por exemplo, para perguntar alguma coisa ao gerente do Banco Itaú, as vezes era atendido em cima do cavalo na calçada, também fazia compras no ‘Armazém do Buchaim’, deixava a lista, depois vinha buscar as compras e levava no próprio cavalo. Quando vinha à cidade também, como por exemplo na Farmácia do Nelsinho, amarrava o cavalo no poste – João Alves era igual o Rei Átila, dificilmente descia do cavalo “Painho”, entres outros.
Uma das virtudes do João Alves e da esposa Maria da Conceição Apparecida, este santo nome já diz tudo, foi a hospitalidade. Por décadas viveu junto ao sítio da família, o inesquecível “seo” João, era negro, suspeitava na época que fora escravo ou filho de escravo, era muito condescendente, apareceu lá um certo dia e pediu para pernoitar e ficou a vida toda com a família, como diz o evangelho de Mateus: “era peregrino e me acolhestes”.
“Seo” João morou décadas com a família, ajudava nos afazeres da casa, plantava fumo, tocava violão, andava de carroça sem os bancos e ajoelhado, fez morada celestial depois do ‘Paitrão’ João Alves.
Após sua morada celestial, foram ver seus guardados e encontraram um cheque do João Alves, que nunca fora descontado.

Segundo o amigo Geraldo Paschoal, valoroso cidadão que conhece a nossa cidade como a “palma da mão”, sempre batalhou por nossa cidade, desempenhando com louvor várias atividades – ele é filho do José Alves dos Santos e da senhora Jorgina, neto do João Alves. Ele nos disse que quando o inesquecível prefeito Cidinho de Lima, filho da dona Paula e do batalhador Arlindo, portanto, neto também do João Alves, venceu as eleições de 1982, o avô fez um único pedido ao neto prefeito lá na casa dele: “Ponha a Santa Casa em funcionamento”!
Eis um pouquinho desta pioneira família, não é uma biografia, mas simplesmente um pequeno ‘retrato’, desta bela família, que deixou Minas Gerais em busca do melhor para a, provavelmente andando vários dias a cavalo, de carroça, talvez de carro de boi, abrindo matas, encontrando animais peçonhentos, na vontade, na fé e na esperança de uma vida melhor, tirando da terra o seu sustento e dos céus recebiam a benção de seus.

Romildo Pereira de Carvalho, cabeleireiro, graduado em História e Bacharel em Direito.

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