A Terra acaba de vivenciar os três meses mais quentes já registrados, segundo o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus (C3S), que é financiado pela União Europeia.
O mês passado foi o agosto mais quente já registrado – por uma larga margem – e o segundo mês mais quente desde sempre, depois de julho de 2023, de acordo com o conjunto de dados do C3S.
Estima-se que agosto de 2023 tenha sido cerca de 1,5°C mais quente do que a média pré-industrial entre 1850 e 1900.
Até agora, no acumulado do ano (de janeiro a agosto), este ano é o segundo mais quente já registrado, ficando atrás apenas de 2016, quando o fenômeno El Niño causou um aquecimento excepcional.
Além disso, durante todo o mês de agosto, as temperaturas médias globais mensais da superfície do mar atingiram o ponto mais alto já registrado, com uma média de 20,98°C. Essas temperaturas superaram o recorde anterior estabelecido em março de 2016, sendo superadas todos os dias durante o último mês. É este o fenômeno que faz formar os ciclones extratropicais avassaladores que atingiram recentemente o Rio Grande do Sul, no início de setembro, que resultou em 46 mortes, 46 desaparecidos e 340 mil pessoas afetadas, de acordo com balanço da Defesa Civil. No norte da África, a tempestade Daniel, com ventos de até 80 km/h e chuvas torrenciais que acumularam 400 mm em 24 horas e, veio causando estragos desde aonde se formou na Grécia e atingiu várias cidades da Líbia, causando inundações históricas, trazendo quase 20 mil mortos e 10 mil desaparecidos, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
Um relatório divulgado em maio pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Met Office do Reino Unido indicou que existe uma probabilidade de 98% de que, nos próximos cinco anos, pelo menos um deles seja o mais quente já registrado. Além disso, há uma probabilidade de 66% de que a temperatura exceda temporariamente 1,5°C acima do período de referência 1850-1900.
São os efeitos das mudanças climáticas preconizadas pela evolução geológica do Planeta Terra e intensificadas pela interferência destrutiva da humanidade nos recursos naturais, principalmente florestais, acentuando a crise climática mundial.
É a natureza reagindo ao oportunismo e à sanha pelo dinheiro que domina o pensamento e a ação humana predatória sobre o meio ambiente em que vive nos tempos atuais.
A gente colhe o que planta, para materializar a explicação de que têm um forte componente humano que se autodestrói se continuar intensificando e contribuindo para as ondas de calor e suas consequências climáticas sobre “a nossa casa comum” (PAPA FRANCISCO), o Planeta Terra.
- José Reynaldo Bastos da Silva é Geólogo, Mestre e Doutor pela UNESP e Pós-Doutor pela UNICAMP em Geociências e Meio Ambiente e também Advogado atuando no Direito Ambiental.