Elas encantam o trabalho
Com seus cantos
Alegram
Jogam fora as dores
Quebram os cocos
Entre as pernas
ATO SIMBÓLICO
Gerar os filhos
Parir
Alimentar
Com esse trabalho
Até virarem gente
Tudo com a quebra do coco
Cantam as quebradeiras
Enquanto trabalham
Quebra o coco, menina
Eu não
Tem que quebrar o coco
Pra viver
Do contrário
Futuro
Não terão
Senão quebrar o coco
Vai cantando a quebradeira
Numa espécie de ritual sagrado
Dizem: cantando e quebrando o coco
Jogo a tristeza pra fora
Estou me empoderando
Através do meu canto
E vou empoderar
Muitas mulheres
Mundo afora
Consideramos a palmeira
Como uma mãe
Trabalhamos com o coco
Para o sustento dos filhos
A dor é o coco
Ruim de quebrar
Se quiser ver a tristeza
Do jeito que Deus criou
Olhar os olhos do menino
Carregando a dor
Tem uma coisa
Que não tem tamanho
É um buraco na barriga
Menino: ”que coisa é essa?”
Ele reponde: ”é a fome”.
Elas costumam
Viajar pelas cidades vizinhas
Contando
As maravilhas do coco
Ensinando sua história
Falando dos seus milagres
Gritam juntas: BABACU Livre?
Quando?
Eu sou quebradeira
Luto em busca de espaço
Do coco babaçu tudo pode ser aproveitado.
O trabalho é árduo . Precisa ter muita força e persistência para vencer na vida.
As quebradeiras são mulheres guerreiras com esperança de dias melhores.
Podemos vê-las como referência a mulheres do mundo todo.
A maioria nem se lembra se tem um homem. O objetivo maior é cuidar de suas crias.
São mulheres fortes, guerreiras guiadas pelo desejo de dias melhores em suas vidas.
Defendem seus ideais: conseguir comida e força aos seus filhos.
O simbolismo do babaçu.
É imenso. Permeia a vida de muitas mulheres.
Elas sentam em rodas e cantam. Pra quebrar o coco.
Dele tudo se aproveita. Dele tiram o sustento para os filhos
Essa planta representa , a vida da pobre mulher brasileira.
Nascida pra trabalhar desde pequena. Parir os filhos e do seu suor dar o sustento.
Ela nasce, cresce e desenvolve sua família sem ajuda de ninguém.
Palmeira é multifuncional.
O tronco da árvore é utilizado para fazer moradias.
A extração da semente produz um óleo com muitas utilidades. Começa a ser utilizado em indústrias de beleza. Esse óleo possui também um eficácia anti-inflamatória. Muito artesanato já é feito com a palha do coco.
Já existe também o sorvete de babaçu.
Dela tudo é utilizado. Com o fruto, inúmeras comidas. Até o bagaço é utilizado para a fabricação de um hamburguer vegetariano.
A árvore representa a nossa espiritualidade.
Elas representam força, poder e qualidade.
Cresce ereta. Busca a ligação entre o céu e a terra. Representa a conexão com o divino.
Elas alcançam 3O ms. de altura e tem em média 35 anos de vida.
Outras vão sendo plantadas e crescendo.
Por isso elas cantam enquanto trabalham. Jogam fora a canseira e atraem a alegria.
Outras utilidades.
Transformam a casca em carvão para seus fornos. Da entre casa o mesocarpo para fazer mingau e o angu. Também produzem farinha, leite do amido, o óleo e a farinha.
A própria forma do coco simboliza a cabeça. Tirando a cobertura da casca, aparecem três olhos.
O terceiro, é o da visão espiritual da quebradeira.
Podemos nos referir a quebra do coco como a do nosso ego, da nossa vontade.
Somente assim poderemos ter acesso a níveis superiores de consciência.
Observamos que aos homens são reservadas outras funções. Ajudam dentro de casa. Também transportam o coco e atualmente se aperfeiçoam na logística das vendas.
Desde pequenos as crianças são estimuladas a se envolverem com essas atividades.
Parabéns à essas mulheres, encantadas e felizes. Símbolo de resistência da mulher brasileira.
* Elda Cecília Bolfarini Jabur é colaboradora voluntária de O Diário do Vale, artista plástica óleo sobre tela. É estudante Rosacruz e Martinista.