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As quebradeiras de coco do Maranhão, também denominadas: ‘As Encantadeiras’

Artigo da colaboradora voluntária de O Diário do Vale, Elda Cecília Bolfarini Jabur.

Elas encantam o trabalho

Com seus cantos

Alegram

Jogam fora as dores

Quebram os cocos

Entre as pernas

ATO SIMBÓLICO

Gerar os filhos

Parir

Alimentar

Com esse trabalho

Até virarem gente

Tudo com a quebra do coco

Cantam as quebradeiras

Enquanto trabalham

Quebra o coco, menina

Eu não

Tem que quebrar o coco

Pra viver

Do contrário

Futuro

Não terão

Senão quebrar o coco

Vai cantando a quebradeira

Numa espécie de ritual sagrado

Dizem: cantando e quebrando o coco

Jogo a tristeza pra fora

Estou me empoderando

Através do meu canto

E vou empoderar

Muitas mulheres

Mundo afora

Consideramos a palmeira

Como uma mãe

Trabalhamos com o coco

Para o sustento dos filhos

A dor é o coco

Ruim de quebrar

Se quiser ver a tristeza

Do jeito que Deus criou

Olhar os olhos do menino

Carregando a dor

Tem uma coisa

Que não tem tamanho

É um buraco na barriga

Menino: ”que coisa é essa?”

Ele reponde: ”é a fome”.

Elas costumam

Viajar pelas cidades vizinhas

Contando

As maravilhas do coco

Ensinando sua história

Falando dos seus milagres

Gritam juntas: BABACU Livre?

Quando?

Eu sou quebradeira

Luto em busca de espaço

Do coco babaçu tudo pode ser aproveitado.

O trabalho é árduo . Precisa ter muita força e persistência para vencer na vida.

As quebradeiras são mulheres guerreiras com esperança de dias melhores.

Podemos vê-las como referência a mulheres do mundo todo.

A maioria nem se lembra se tem um homem. O objetivo maior é cuidar de suas crias.

São mulheres fortes, guerreiras guiadas pelo desejo de dias melhores em suas vidas.

Defendem seus ideais: conseguir comida e força aos seus filhos.

O simbolismo do babaçu.

É imenso. Permeia a vida de muitas mulheres.

Elas sentam em rodas e cantam. Pra quebrar o coco.

Dele tudo se aproveita. Dele tiram o sustento para os filhos

Essa planta representa , a vida da pobre mulher brasileira.

Nascida pra trabalhar desde pequena. Parir os filhos e do seu suor dar o sustento.

Ela nasce, cresce e desenvolve sua família sem ajuda de ninguém.

Palmeira é multifuncional.

O tronco da árvore é utilizado para fazer moradias.

A extração da semente produz um óleo com muitas utilidades. Começa a ser utilizado em indústrias de beleza. Esse óleo possui também um eficácia anti-inflamatória. Muito artesanato já é feito com a palha do coco.

Já existe também o sorvete de babaçu.

Dela tudo é utilizado.  Com o fruto, inúmeras comidas. Até o bagaço é utilizado para a fabricação de um hamburguer vegetariano.

A árvore representa a nossa espiritualidade.

Elas representam força, poder e qualidade.

Cresce ereta. Busca a ligação entre o céu e a terra. Representa a conexão com o divino.

Elas alcançam 3O ms. de altura e tem em média 35 anos de vida.

Outras vão sendo plantadas e crescendo.

Por isso elas cantam enquanto trabalham. Jogam fora a canseira e atraem a alegria.

Outras utilidades.

Transformam a casca em carvão para seus fornos. Da entre casa o mesocarpo para fazer mingau e o angu. Também produzem farinha, leite do amido, o óleo e a farinha.

A própria forma do coco simboliza a cabeça. Tirando a cobertura da casca, aparecem três olhos.

O terceiro, é o da visão espiritual da quebradeira.

Podemos nos referir a quebra do coco como a do nosso ego, da nossa vontade.

Somente assim poderemos ter acesso a níveis superiores de consciência.

Observamos que aos homens são reservadas outras funções. Ajudam dentro de casa. Também transportam o coco e atualmente se aperfeiçoam na logística das vendas.

Desde pequenos as crianças são estimuladas a se envolverem com essas atividades.

Parabéns à essas mulheres, encantadas e felizes. Símbolo de resistência da mulher brasileira.

* Elda Cecília Bolfarini Jabur é colaboradora voluntária de O Diário do Vale, artista plástica óleo sobre tela. É estudante Rosacruz e Martinista.

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