O Diário do Vale - A Região no Mundo!
Search

Avião de Marília Mendonça é o mesmo modelo do que caiu em Cândido Mota em 2013

Cantora sertaneja morreu em acidente na última sexta-feira, dia 5, no interior de Minas Gerais.

O avião King Air C-90 que caiu na última sexta-feira, dia 5, vitimando a cantora Marília Mendonça, de 26 anos, em uma cachoeira na serra de Caratinga, no interior de Minas Gerais, é o mesmo modelo da aeronave que caiu em Cândido Mota, em 2013. Com a cantora, estavam seu produtor Henrique Ribeiro, seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho, além do piloto do avião, Geraldo Medeiros Júnior e do copiloto Tarciso Pessoa Viana. Todos foram vítimas fatais no acidente.

Cantora Marília Mendonça tinha 26 anos

Na aeronave que caiu no dia 3 de fevereiro de 2013, em uma propriedade rural na água do Miranda, em Cândido Mota, também estavam cinco pessoas; o sobrinho-neto do empresário Antônio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, José Eduardo Ermírio de Moraes, de 35 anos, e sua noiva, Letícia Romagnoli Piveta Assunção, de 25 anos. A mãe de Letícia, Elizete Aparecida Romagnoli Assunção, de 44 anos, além do piloto Luiz Henrique Marcondes Rodrigues Filho, de 54 anos, e sua esposa Luciana Aguiar da Costa e Souza, de 35 anos, que estava no banco do copiloto.
Na época, o bimotor King Air C-90 decolou de Maringá/PR, às 19h37, com destino ao aeroporto de Congonhas, na capital paulista, mas após 35 minutos de voo, houve a perda de contato no radar, e a aeronave caiu em uma plantação de soja na zona rural de Cândido Mota. Em 2016, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica, emitiu relatório final do acidente, e apontou que um fenômeno meteorológico em vôo foi a causa da queda do avião.

16 acidentes em 10 anos
O avião pertence à família King Air, que vem sendo fabricada desde a década de 1960. Existem cerca de 324 aviões do modelo ativos no Brasil. Ao todo, esse avião se envolveu em 16 acidentes nos últimos 10 anos, segundo dados do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). A maior parte desses acidentes estava relacionada à falha humana ou tinham um fator humano como desencadeador da falha.
Segundo Miguel Angelo Rodeguero, diretor de segurança operacional da Aopa Brasil (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves), é cedo para definir o que pode ter ocorrido no acidente que matou a cantora sertaneja. “Qualquer afirmação sobre as causas do acidente ainda é prematura. As causas serão investigadas pelos órgãos responsáveis, que irão emitir um relatório quando os trabalhos forem concluídos”, diz o piloto.

Em Cândido Mota, queda do avião em 2013 foi em uma plantação de soja, na zona rural

Acidente em Cândido Mota
Segundo o relatório do Cenipa, na queda da aeronave em Cândido Mota, comprovou-se o vôo estava sob condições de formação de gelo na aeronave, por meio da declaração da passageira presente no cockpit. A altitude escolhida e mantida pelo comandante, ensejava todas as condições propícias à formação de gelo severo na aeronave. Correlacionando-se às condições meteorológicas vigentes com a redução da velocidade, atestada pela revisualização radar, foi devidamente esclarecida a conexão da perda de controle em vôo com a degradação da performance da aeronave.
Naquela noite a situação sinótica da região evidenciava a presença de uma frente fria com intensidade de moderada a forte, por isso o Centro Meteorológico de Vigilância de Curitiba emitiu um informativo relativo às condições meteorológicas observadas ou previstas em rota que pudessem afetar a segurança das aeronaves em vôo. Tal informação continha dados da área de atuação de fenômenos como turbulência, trovoada, gelo, linha de instabilidade, bem como o seu deslocamento.
Os técnicos do Cenipa analisaram as cartas de vento, relativas ao nível de altitude utilizada no vôo e identificaram a predominância de vento de 35 nós, aproximadamente 64 quilômetros por hora. A temperatura predominante para a altitude do avião na hora da queda era de -10°C a – 11°C, e havia ainda uma proximidade entre a temperatura do ar e do ponto de orvalho, propiciando condições de formação de gelo.

Gravação
O relatório informou que apesar dos graves danos sofridos pelo Gravador de Voz do Cockpit (caixa preta), foi possível recuperar a gravação dos últimos 30 minutos de vôo. Pouco antes do nivelamento, a passageira sentada no assento do copiloto sugeriu ao piloto que solicitasse autorização ao Centro de Controle Curitiba para prosseguir em mais altitude, de forma a evitar o vôo dentro das nuvens presentes. O piloto discordou, alegando que a aeronave estava muito pesada para prosseguir na subida. A passageira insistiu, por sentir que um dos passageiros estava incomodado com o vôo dentro de nuvens e pelo quê observava no exterior da aeronave.
O piloto replicou que manteria a mesma altitude por mais meia hora, com o objetivo de consumir mais combustível, e que depois prosseguiria a solicitação. A passageira comentou que, em mais meia hora, possivelmente já estivessem fora das nuvens. Segundo o relatório, no final da subida e cerca de sete minutos antes da perda de controle, a passageira informou a presença de gelo, porém não foi possível determinar se o comentário fazia alusão à presença deste elemento nos pára-brisas ou nas asas da aeronave. Trinta segundos antes do fim das gravações, ouviram-se dois avisos sonoros identificados como buzina de estol (intermitente por quase 10 segundos), o que indica a perda de velocidade e, consequentemente, de altitude, devido à diminuição da força de sustentação.
Ainda segundo o relatório, os comentários do piloto no cockpit evidenciavam que este não sabia o que se passava com a aeronave. Nos 20 segundos finais, observou-se um forte barulho relacionado com o aumento do fluxo aerodinâmico passando pela aeronave. Em nenhum momento foi observada qualquer redução deliberada de potência nos motores, em meio à perda de controle em vôo.

Destroços
Segundo os técnicos do Cenipa, o motor esquerdo, a ponta da asa direita, o leme direcional e os estabilizadores horizontais foram encontrados em uma área circular com mil metros de raio em relação à fuselagem. Uma pesquisa dos técnicos do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial constatou que as superfícies de fratura encontradas nas peças analisadas apresentaram aspectos característicos de falha por sobrecarga.
De acordo com o relatório técnico sobre a investigação do motopropulsor da aeronave, o motor esquerdo estava operacional, porém, não desenvolvia potência no instante em que ocorreu o impacto. Isso indicou que o conjunto asa/motor pode ter se desprendido da aeronave quando ela ainda estava no ar. A hélice desse motor também apresentava evidência de que estava parada no momento do impacto.

Ultimas Notícias!