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Cidinho de Lima é sepultado em ‘clima de comoção’

Ivone de Lima e os filhos Willian e Fernando, com outros familiares, durante o velório do ex-prefeito de Cândido Mota.

O ex-prefeito de Cândido Mota Aparecido Roberto Cidinho de Lima, de 68 anos, foi sepultado na tarde desta sexta-feira, dia 22, no cemitério municipal do município, sob aplausos da multidão que acompanhou as cerimônias fúnebres e cercado de dezenas de coroas de flores enviadas por amigos que estiveram com ele na jornada da vida. Ele faleceu na noite desta quinta-feira, dia 21, no Hospital e Maternidade de Assis, onde estava internado havia cerca de 15 dias, sendo sete só na UTI. Ele fazia tratamento de um câncer generalizado e não suportou uma parada cardiorrespiratória.
O velório aconteceu no auditório ‘Gilfredo Boretti’, da Câmara de Vereadores, das 9h às 14h. Milhares de pessoas passaram pelo plenário onde estava o corpo do ex-prefeito, coberto com uma bandeira de Cândido Mota. A comoção foi grande durante todo o tempo. A mãe, Paula Alves dos Santos, de 94 anos, bastante emocionada, permaneceu ao lado do caixão durante todo o tempo, amparada pela outra filha, Maria, e dezenas de familiares. A esposa Ivone, e os filhos Willian e Fernando, também ao lado do corpo do patriarca, consternados, foram assistidos por todos os familiares e amigos.
Durante todo o velório e sepultamento foram respeitadas as regras de segurança do Plano São Paulo, de combate à covid-19. Todos estavam de máscara, mantendo distanciamento. E em todo o espaço da Câmara de Vereadores havia dispensers de álcool em gel.

Luto oficial
O presidente da Câmara de Vereadores, David Vieira da Costa, ressaltou que ao ceder o auditório do Poder Legislativo para as cerimônias fúnebres, prestou uma homenagem à história política do ex-prefeito. “A trajetória política do ex-prefeito Aparecido Roberto Cidinho de Lima se confunde com a história do município de Cândido Mota. Por isso, a Câmara quis prestar essa homenagem ao cidadão que tanto fez pelo município e por seu povo”, explicou.
O prefeito Eraldo Pereira, que esteve no velório com o vice-prefeito Luiz Carlos Nicodemos, decretou luto oficial de três dias no município. As bandeiras deverão permanecer hasteadas a meio mastro durante esse período. “O ex-prefeito Cidinho de Lima é uma das figuras mais importantes da história política do município de Cândido Mota e merece todas as honras de um chefe de Poder Executivo. É o mínimo que podemos fazer por esse grande homem público”, disse.

‘Filho do carroceiro’
Antes de disputar a primeira eleição à prefeitura em 1982, Cidinho de Lima era professor de matemática. Ele lecionava na escola ‘Rachid Jabur’. Mas, ainda antes disso, viveu uma infância de muitas dificuldades e de muitos serviços na roça; sempre se esforçou para estudar. Vinha à pé, a cavalo ou mesmo de bicicleta, do sítio onde a família morava, na água do Jacu, até a escola, na cidade. A partir do estudo, conseguiu um emprego no Sindicato Rural. Só depois se tornou professor; lecionava durante o dia em escola de Palmital, e à noite em outra unidade escolar de Assis. Casou-se muito novo com Ivone Rodrigues Sanches, com quem teve dois filhos; Willian e Fernando.
Cidinho de Lima foi eleito prefeito pela primeira vez em 1982, vencendo o advogado e ex-presidente da Câmara Oswaldo Pípolo, o ‘Doca’, e o ex-prefeito Aparecido Orlando Maia. Após a vitória, o povo criou a célebre frase ‘o filho do carroceiro venceu o filho do fazendeiro’, em alusão ao pai, Arlindo Furgêncio de Lima, que tabalhava como carroceiro no município, e à vitória sobre o empresário rural ‘Doca’ Pípolo. Esse primeiro mandato foi de seis anos, permacendo no gabinte do paço municipal até 1988. Diante do sucesso de sua gestão, elegeu o sucessor, o advogado Carlos Alves Terra.
Na sucessão de Terra, Cidinho retornou à prefeitura, sempre com expressivas votações. Na campanha seguinte, ele apoiou o empresário e ex-presidente da Cesp, Antônio Carlos Bonini de Paiva. Foi a primeira derrota eleitoral de Lima. A vitória nesse pleito foi de José Angelo Franciscatto. Mas Cidinho de Lima retornaria à prefeitura após quatro anos, vencendo o mesmo Franciscatto, que tentava a reeleição. Um fato interessante na trajetória política do ex-prefeito: das três eleições, em duas teve o agricultor Alcino Manfio como vice. Em outra, o vice foi o também professor de matemática Pedro Roberto Fontana, também já falecido.

Emblemática
Porém, após o quarto ano de governo, aconteceu a situação mais emblemática da carreira política do ex-prefeito. Em uma estratégia política para buscar a reeleição e amparado na lei eleitoral da época, ele lançou o servidor municipal Miro da Silva a prefeito, com a possibilidade de substituí-lo a poucos dias da eleição. E foi o que aconteceu. Mesmo usando esse artifício legal, perdeu o pleito. Foi a única derrota pessoal do ex-prefeito de Cândido Mota.
Neste período todo, como líder peemedebista regional e estadual, e com livre trânsito nos governos de Orestes Quércia e Luiz Antônio Fleury Filho, sempre foi cotado para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa ou na Câmara dos Deputados. Mas, como bom descendente de mineiro, sempre deixava a ‘mineirice’ escapar em seus comentários: ‘o futuro a Deus pertence’ e ‘meu foco é para Cândido Mota e nosso povo sofrido’.
Após o mandato, acabou condenado pela Justiça Eleitoral por uma ação de indenização de secretários e servidores municipais. Ficou um período inelegível. Mesmo assim, sempre participou dos pleitos de maneira indireta. Com seu apoio, o médico Zacharias Jabur e o engenheiro eletricista Bonini de Paiva foram eleitos prefeito e vice em 2012. Nas últimas eleições, em 2020, apesar de ser cortejado para voltar a disputar o pleito, a prefeito ou vice, mesmo já liberado pela Justiça Eleitoral, preferiu não lançar-se candidato. Optou por dividir-se no apoio a José Angelo Franciscatto e José Rampazzo, na coligação PSDB/PMDB, e a Eraldo Pereira Luiz Carlos Nicodemos Guedes, do PL/PSD, que acabaram eleitos.

‘Pai dos pobres’
Um dos políticos mais populares da história de Cândido Mota, Cidinho de Lima era considerado um ‘herói’ por grande parte da população, principalmente a mais carente. De menino simples a líder rural, transformou-se em ‘pai dos pobres’ desde a primeira gestão. Isso porque, nas três administrações destinou grande atenção e investimentos a políticas públicas de inclusão social e humana. Além de carismático, Cidinho de Lima era considerado exímio articulador e orador por excelência. Seus eloquentes discursos eram recheados de emoção e levavam o público às lágrimas.
O ex-prefeito também era um homem de fé. Diariamente ele passava na igreja matriz para as orações na Capela do Santíssimo, e ali, depositava sua fé em um mundo sempre melhor.
Na linha dos maiores caudilhos políticos, e Leonel Brizola foi um deles, era amado e odiado. Havia milhares que o amavam pela humildade, simplicidade e homogeneidade com que tratava as pessoas, independentemente de classe social. Mas, pela maneira firme com que exercia sua liderança, acabava desagradando alguns que o seguiam na vida pública. Mas, em um ponto todos convergiam opiniões: Cidinho de Lima foi um dos maiores políticos da história do município de Cândido Mota e do Vale do Paranapanema.

Lideranças lamentam morte do ex-prefeito
“Recebi a notícia da morte do Cidinho com muita surpresa. Foi tudo muito rápido. Começamos na política juntos, em 1982. A participação dele na política sempre foi marcante, como um líder nato. Por isso sua vida toda é muito marcante para Cândido Mota e na vida dos cândido-motenses. Era muito querido e respeitado e marcou presença na história do nosso município. Desejo conforto a todos os familiares. Que Deus o acolha em sua glória celestial”. José Angelo Franciscatto, ex-prefeito de Cândido Mota

“Muito triste a morte do amigo Cidinho. Ele é um marco na história política do nosso município. Vamos sentir muito a sua falta como companheiro e articulador, mas sobretudo como amigo. Era uma pessoa ímpar; tratava a todos com igualdade e respeito, independentemente de classe social e dedicava atenção especial aos irmãos mais necessitados do amparo público. Perdemos um dos maiores líderes da nossa história”. Zacharias Jabur, ex-prefeito de Cândido Mota

“Recebi com muita tristeza a informação da morte do Cidinho. Vinha acompanhando seu estado de saúde através dos familiares e orando a Deus para conceder-lhe o melhor. Ele nos deixa muito cedo, muito novo. Foi um político de grande expressão local e regional e deu o seu melhor para nosso povo. Ingressei no serviço público no seu primeiro mandato e trabalhei com ele nos três governos. Fomos adversários político e não inimigos. Por isso o respeito muito. Tenho muita gratidão a ele pela dedicação de sua vida a nosso povo. Desejo conforto a todos os familiares”. Roberto Bueno, ex-prefeito de Cândido Mota

“Foi muito triste, pegou todos de surpresa. É uma enorme perda pra cidade, não tem nem comparativo falando do homem, do político, do cidadão, o legado que ele deixa pra Cândido Mota. Um grande gestor público, com uma história de muitas conquistas e realizações. Hoje partiu um dos maiores políticos da nossa cidade e da nossa região. Realizar o velório na Câmara dos Vereadores foi uma forma de homenagear a história do Cidinho; é até uma pequena e singela homenagem diante de tudo o que o ex-prefeito fez em favor de Cândido Mota e da população. Diante da pandemia, tomamos todas as medidas possíveis junto com a Vigilância Sanitária e o apoio da prefeitura.” David Vieira da Costa, presidente da Câmara de Vereadores de Cândido Mota

“Trata-se de uma perda muito grande. O Cidinho era uma pessoa do bem, que sempre fez coisas boas pra população. Com ele começaram as mudanças nos rumos da história de Cândido Mota. A perda do ex-prefeito Cidinho de Lima muito nos entristece. Conversei muito com o Cidinho no período de campanha, ele nos orientou bastante. Era uma pessoa maravilhosa. Uma pessoa que a gente tem que respeitar sempre, faz parte da história de Cândido Mota. Foi exemplo de político pra todos, revolucionando muitas coisas na nossa cidade. Deixamos nossos sentimentos pra toda família; que Deus os conforte.” Eraldo José Pereira, prefeito de Cândido Mota

“É uma perca inestimável. A gente sabe da importância do nosso amigo Cidinho de Lima como gestor da cidade por três mandatos. Era uma pessoa que olhava muito pela saúde e o social. Cândido Mota perde uma pessoa que agregou muito na política, que transformou a nossa cidade. Infelizmente estamos aqui só de passagem, e o que a gente deixa é o legado. E o legado do Cidinho de Lima é muito positivo, de uma pessoa que era humilde, que tratava todos de maneira igual. Ele parte com a sensação do dever cumprido, de que teve muita força de vontade e administrou a nossa cidade de forma brilhante. Que Deus conforte o coração da família e dos amigos.” Luiz Carlos Nicodemos Guedes, vice-prefeito de Cândido Mota.

“Aparecido Roberto Cidinho de Lima, construiu sua história política em Cândido Mota, como prefeito em três mandatos, totalizando 14 anos, vez que seu primeiro mandato foram de seis anos. Com certeza o Cidinho de Lima deixou seu legado como administrador e líder político, que com certeza jamais será esquecido pelos cândido-motenses. Que Deus conforte o coração dos seus familiares”, Carlos Alves Terra, ex-prefeito de Cândido Mota.

“Estou muito triste, não está sendo fácil. Fomos grandes amigos não só na política, como na vida. Era um democrata, tudo o que ia fazer me ouvia, ouvia os assessores e a comunidade antes de decidir. Estivemos juntos a vida toda e na prefeitura em dois mandatos. Não tenho nada a falar do Cidinho a não ser coisas boas, de um grande homem público e uma pessoa sensível aos problemas da população, sobretudo as mais fragilizadas. Foi um grande prefeito e deixou um legado para a história de Cândido Mota. Que Deus dê o conforto à Ivone, ao Willian, ao Fernando e aos demais familiares. E que o Cidinho esteja no colo de Deus.” Alcino Manfio, vice-prefeito em duas das três gestões de Cidinho de Lima

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