A melhor época de nossas vidas é a da escola, esta foi para a minha geração uma extensão do nosso lar. Na crônica passada escrevi sobre os tempos do ‘Grupinho’, dos inesquecíveis ‘mestres’ que ajudaram a aprimorar nosso conhecimento e personalidade.
Hoje vou falar dos ‘mestres’ do ‘Rachid Jabur’. Fui para lá em 1982, na oitava série e lá concluí o ensino médio, na época ‘gloriosa’ da escola. Não tem como começar, se não falar de um filho do senhor Rachid Jabur, que simboliza muito bem esta época. Estou falando da figura do amigo, amante do esporte, professor e diretor Lício Jabur, que ‘viajou fora do combinado’, casado com a vocacionada professora Eleusa, casal ímpar.

Sempre escrevi artigos, crônicas, e também junto com a minha amada ‘alma-gêmea’, fazemos palestras. Sempre quando tinha dúvida na gramática e nas origens das palavras consultava o Google da época, o amigo Lício, que não saia do nosso salão. Ele às vezes levava anotado minhas indagações e conversava com a Eleusa, uma vez ela mesmo me retornou pelo telefone. Sempre os dois, mesmo aposentados, exerciam a arte de ensinar.
Tive excelentes vocacionados ‘mestres’, todos deram a sua parcela de contribuição na aprendizagem. Cacilda Bravo, Língua Portuguesa, demonstrava paixão pela profissão. Até hoje sei a regra da conjugação do verbo no modo imperativo, graças à ‘chamada oral’ que nos fazia. Lembro que o primeiro verbo que me deu para conjugar foi o ‘caber’. Quando dava Literatura seus olhos brilhavam…
Matemática, Pedro Roberto Fontana, toda a calma do mundo, repartiu com outro professor da disciplina, o Carmo Chadi. Até hoje dificilmente eu uso calculadora. O Pedro também ‘viajou fora do combinado’. Toda vez que o via, sem ele me ver eu falava ao bom tom, ‘Ao Mestre com carinho’. Ele já virava para mim e gentilmente falava ‘tinha que ser você’. Toda vez que vejo o Renato Teixeira, me vem à mente o grande ‘mestre’ Pedro, os dois me passam inteligência, poesia, serenidade, paciência…
Carmo Chadi, sempre se mostrou aplicado, vocacionado para a Matemática e o ano passado fui convidado para fazer uma palestra sobre o tema ‘Tolerância’ no Colégio Agrícola, e para a minha alegria estava lá o professor Carmo, ainda em atividade, mostrando realmente que é um vocacionado.
Outra professora que me deixou a sua marca foi a Gracinha, de Geografia. Toda sorridente, era ambidestra, escrevia com as duas mãos, enchia o ‘quadro negro’, que era verde. Eu acho que ela escrevia até com os pés, tamanha a sua vontade de ensinar.
Ela adorava Geografia Política, lembro que ela incentivava a leitura de jornais e em uma avaliação fez uma pergunta a respeito da dívida externa do Brasil. Eu disse em minha resposta que poderíamos mudar o nome da dívida para ‘eterna’, porque dificilmente a pagaríamos, ela adorou o meu termo. Ela também carinhosamente colocava apelidos em alguns; tinha ‘Abobrinha’, ‘Nescau’, ‘Italiano’. Até hoje sei várias capitais, Tegucigalpa, Paramaribo…
Na segunda série do ensino médio, a minha sala era só de meninos, fizeram uma experiência para ver se conversássemos menos. Inesquecível… Este ano tinha muitas ‘feras’ juntas, onde o nosso exagero comparado com hoje, que era falar, se tornou insignificante!
Uma figurinha era o ‘Vaguinho’; levava chá, bolachas na época do inverno, no verão levava um ventilador pequeno para usar. Tínhamos o maior desenhista de ‘Caveiras’ do Vale do Paranapanema, não posso falar o sobrenome dele, só o prenome: Valdecir, trabalha na área de seguros e tem um casal de filhos brilhantes e futuros advogados. Também é casado com uma amiga de fé e caminhada minha. Vai que os futuros advogados resolvam entrar com uma ação contra a minha pessoa… mas será complicado encontrar um oficial de Justiça para intimar um ‘hominídio’!
Terminando, vou citar mais quatro figuras, coresponsáveis pelo nosso comportamento, na época gloriosa do ‘Rachid Jabur’, que tinha prestígio além da área educacional, no esporte, no atletismo… Tinha muita fama na região. Diretor Bertolli, acho que na época não tinha muito trabalho disciplinar, aja vista, o bom comportamento da maioria dos alunos, a sua voz marcante e o tamanho do homem, impunha respeito!
Tia Lúcia Roncon, inspetora, realmente uma tia para a maioria, doce pessoa, fala mansa… Emenegildo, também bastante sereno, nem me lembro da sua voz… bons e inesquecíveis tempos! Por último, o sempre sorridente e bom italiano Zequinha Caron!
Aqui eu termino a crônica e você que viveu nesta época, faça a sua… Que cultivemos sempre as boas lembranças, as boas amizades e que as gerações vindouras deem a verdadeira importância para os vocacionados mestres, que nos dias de hoje sofrem tantas humilhações, ingratidões… nesta admirável arte de ensinar! Louvado seja o nosso Amigo e Senhor Jesus Cristo!
* Romildo Pereira de Carvalho é historiado e cabeleireiro, colaborador voluntário de O Diário do Vale.