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Reprodução de diálogo entre pensadores

Artigo da professora aposentada e colaboradora do jornal e portal O Diário do Vale, Elda Cecília Bolfarini Jabur.

Um artista, um filósofo e um indígena.
Todos admiráveis. No entanto só vou citar o nome do indígena. Ele vem se destacando na mídia cultural por sua atuação em defesa dos povos indígenas e do meio ambiente.
Ailton Krenac, pertence à tribo crenaque, de Minas Gerais. É reconhecido nacional e internacionalmente. Aos 17 anos, mudou-se para o estado do Paraná, onde se alfabetizou e se tornou produtor gráfico e jornalista.
Ao ouvir alguns de seus comentários, fiquei impressionada com a importância de seus pensamentos.
Nele colocarei a letra a, os demais b (artista) e c (filósofo).
A: Estamos observando nos últimos anos, muitos tsunamis e mudanças climáticas.
B: O que te faz despertar a esperança?
C: Somos uma cultura do presente. Celebramos o presente. Usamos tudo imediatamente. Devemos compartilhar o presente.
Fez referência a um filósofo latino.
“Devemos estar no espetáculo
Para não viver no desespero
Tudo que é humano não é estranho”.
Sobre a empatia: “O que posso fazer?
A empatia ou o seu contrário é algo que impacta o nosso ser. Infelizmente isso provoca julgamento sobre nós ou de nós, desconhecendo o próximo.
O desalento: não ter o presente como uma dádiva.
Na verdade, nunca estamos no presente. Ficamos tentando desfazer os acontecimentos negativos do passado. Ou esperando que o futuro seja melhor.
B: Dizemos: tá difícil. Não desejar que as coisas aconteçam já é um sentimento de erro.
A: A sociedade atual tem ansiedade para produzir coisas. Pensa que a felicidade resulta da vivência imediata.
B: A esperança que o ser humano tem é que precisamos sobreviver.
Quanto teremos que ficar atolados para ter um planeta sustentável?.
Precisamos de dois planetas para suportar todo esse consumo.
A: Precisamos ouvir as crianças e os jovens. Eles sentem-se responsáveis pelas mudanças. Que eles possam atuar no futuro. O que me dá esperança é a rebeldia das pessoas. Dentro delas existe essa pulsão. Acredito no ser humano como projeto de transformação.
B: O artista traz sua opinião sobre a humanidade. Reflete sobre o indivíduo e a sociedade. Acredita em sonhos reais. Fazer parte da natureza é uma magia.
Obs.: Comentaram sobre o mito de Pandora. Caixa onde os deuses depositaram todos os males. Quando ela foi aberta, eles se espalharam sobre o mundo. Só ficou a esperança.
C: A esperança ficou, mas tem aparência duvidosa. Pode ser utilizada para o bem ou para o mal. O próprio mito é ambíguo.
Fez uma comparação coma concepção greco-romana. A vida é uma tragédia, um drama. Na tragédia existe a concepção de destino. Se tivermos esperança, a vida será mais calma. Teremos que buscá-la.
A: Parece que abrimos mão do viver agora. É uma prática do ocidente. Como o ocidente foi criando o tempo. Criam as crianças para o futuro. Frase muito usada: o que você pretende ser quando crescer?
Tirar uma criança do presente, o importante momento da infância. Isso é uma agressividade. Os povos indígenas são de circularidade. Honram o passado que os impulsiona para a frente, o presente.
C: Refere a Renato Russo
“Explica a grande fúria do mundo”.
Somos capazes de fazer o horror e desfazê-lo.
Tudo resulta de nossa ação. A mão pode ocasionar a morte ou a sobrevivência.”
Continua o filósofo: “O segredo da vida”.
Dizia aos filhos que quando chegassem aos 12 anos, contaria esse segredo.
Quando o mais velho alcançou essa idade, perguntou: “…então, pai, qual é o segredo da vida?”
Ele disse: “Vaca não dá leite. Você tem que tirar. Isso dá trabalho”.
Com essas palavras, quis demonstrar ao filho que tudo o que desejamos na vida demanda grande esforço.
Considera uma frase de vagabundo: “Alguém tem que fazer alguma coisa”.
É costume delegar a outros milhares de coisas que nós deveríamos fazer.
Comentário: Culpamos os poderes públicos pela sujeira das cidades e muitas outras coisas que nós poderíamos, e deveríamos fazer. Por isso convivemos com cidades sujeitas a inundações e muitas intempéries.
A: Faz diversas diferenças entre o professor e o educador.
Acredita que nasceu índio por graça do universo. Mas escolheu ser professor porque professa sua fé.
Tem que saber qual é o ser humano que habita nele, para poder transmitir.
O educador entende seu pertencimento ao mundo e procura provocar.
Afirma que nem todo educador é professor. Mas possuem experiência, é o caso dos pais. Eles têm experiência.
Refere-se ao Brasil como um país adolescente. Encontra-se em crise de identidade.
Como os indígenas, precisa fazer o rito da passagem. As pessoas não gostam do passado. “Olha no espelho e não gosta de negros e índios”. Por isso não se conecta com o passado.
B- O artista brasileiro é muito ansioso. Temos só 500 anos, pouca afeição pela democracia, por sua origem e história.
A: Vivemos com saudade antecipada do futuro. Isso faz mal, traz nostalgia.
“A minha cartilha só tinha imagem do negro escravizado e do índio como exótico”.
Vamos desentortar os pensamentos. Criar um mundo possível. O Brasil reproduz o que não foi contado. Os povos indígenas estão aqui há três mil anos reproduzindo sua educação. Não precisam mudar os governantes a cada quatro anos. “O Brasil precisa se reconciliar com sua história.”.
“Queremos salvar a natureza”.
O mundo Urucu está em permanente transformação, começa hoje. Quando o índio bate o pé no chão, está recriando o mundo.
Krenac: “Enquanto dançamos, cantamos, reverenciamos a natureza. O céu estará lá”.
Obs.: Quanta diferença com relação a nossa civilização. Totalmente predatória, insensível ao meio ambiente.
C: A culpa é um sentimento de paralisia. Não sabemos ultrapassá-lo. A solidariedade é importante. Parte de um todo.
A: As pessoas são alimentadas por interesses econômicos. Elas estão pouco se lixando se os rios do Pará estão contaminados por mercúrio.
Relembraram palavras de Greta Tumber: “Está ocorrendo um saque antecipado do futuro”.
Krenac: O culto aos orixás.
Dançamos quando estamos alegres. A alegria é um estado de ser.
Não podemos desistir de nossos sonhos. Quando as abelhas desaparecerem da terra, o ser humano só terá mais quatro anos de vida.

Elda Cecília Bolfarini Jabur é professora aposentada e colaboradora do jornal e portal O Diário do Vale.

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