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Angelim Marroni: um cândido-motense da ‘gema’

Hoje vou destacar um filho, que conheci, do senhor José Marroni e da senhora Rozina Pípolo.

Gratificante entrar na vida das famílias e resgatar um pouco as trajetórias e conquistas. Hoje vou destacar um filho, que conheci, do senhor José Marroni e da senhora Rozina Pípolo. Antes falarei do senhor José Marroni, que chegou da Itália no final do século XIX, na região de Barra Bonita, para trabalhar na lavoura – como se falava na época – de café, e chegou na nossa cidade no sítio no bairro rural da Aguinha, na água do Miranda, provavelmente logo após a chegada do Coronel Valêncio Carneiro.
Ele faleceu bem cedo, tinha pouco mais de 30 anos, segundo o neto Teka Marroni, que tem uma mente privilegiada, sempre me socorrendo nestes resgates históricos. Como José Marroni partiu para o Reino de Deus muito cedo, sua esposa, a batalhadora dona Rozina esteve à frente do sustento dos sete filhos: Filomena, Vicente, Rafael, João, Luciano (Lúcio), Antônio e Lázaro (Angelim).
Agora sim, feita a introdução, vou começar a falar do meu homenageado, o senhor Lázaro Marroni, mais conhecido como Angelim, que nasceu em 1920 e partiu para o Reino de Deus em 2001. Foi casado por 60 anos com a senhora Lice Poletto Marroni, com quem teve cinco filhos: a Sylene de Jesus, que não conheço porque há tempos foi embora de nossa cidade, mora em Osvaldo Cruz; a Maria de Lourdes, mas conhecida como ‘Duda’- sempre a vejo na missa aos sábados ‘grudadinha’ à sua cunhada, a dona Cida – que foi casada com o saudoso e inesquecível ‘primo’ Genésio Conte. Lembro que quando eu era engraxate, eu e meu amigo Serginho Trígolo íamos ‘fazer’ os sapatos do Genésio lá na sua casa e esta simpática ‘Duda’ nos oferecia sucos.
Faltou eu falar de mais três filhos, os quais fazem parte no meu círculo de amizades. O Toninho Marroni, casado com a professora Zala de Genova; advogado, trabalhamos juntos no ECC, na rádio Mensagem e também já fui jurado em alguns júris que brilhantemente atua. Carlos Marroni, casado com a sorridente Norma Guioti, engenheiro elétrico; e José Lázaro Marroni, advogado, para nós ‘o Zezinho da Laura’, minha Professorinha, cheia de alegria.
Estes ‘três mosqueteiros’, Zezinho, Toninho e Carlos, sempre empenhados, solícitos, juntamente com as suas amáveis esposas, nos diversos trabalhos voluntários na comunidade, com certeza herança dos pais!
Zezinho e Carlos, tenho o privilégio de fazer parte com eles e as suas amadas esposas de um grupo do ECC, juntamente com os ilustres ‘caminhantes na fé’, os casais Evandro e Sandra, Alfredo e Assunta, o grande grupo ‘Plenitude na Fé’. Por falar no ECC, que é o movimento da igreja católica Encontro de Casais com Cristo, o casal Lázaro e Lice também fazia parte e trabalhavam nos encontros da família ECC e sempre ajudavam o Centro Vocacional, Asilo São Vicente de Paula, os Vicentinos, entre outras entidades.
O primeiro contato que tive com o senhor Angelim foi quando me chamaram para ir até sua casa cortar seu cabelo – morava ao lado da ‘Toca Materiais Elétricos e Hidráulicos’, de propriedade do filho Carlos e da Norma Guioti.
Mostrando toda a sua simpatia, conversamos muito, eu e o Angelim, sobre tudo; quis saber onde era o nosso salão e que na próxima vez iria lá. A sintonia foi tamanha, que na primeira vez ele quis me dar um galizé (um frango) e falou que ia ‘mandar’ seu irmão o Lúcio ir cortar o cabelo no nosso salão!

E não é que passados alguns dias o seu Lúcio apareceu no salão e disse: ‘O meu irmão me mandou vir cortar o cabelo aqui’. Coisa linda de se ver e sentir esta amizade dos irmãos. Nos últimos tempos, meu pai ia cortar o cabelo do Lúcio, também na sua casa, e ele sempre falava: ‘Tá bonito’.
Angelim, por incrível que pareça, para sustentar a família, no início quando veio para a cidade, criava frangos. Formavam filas de carroças para trazer os frangos dos sítios na sua casa, que sempre foi ali do lado da ‘Toca’. Também vendia porco e cabrito. Os frangos ele vendia aqui e mandava para São Paulo pela Fepasa. Por incrível que pareça os frangos iam de trem. Angelim ‘exportava’ frangos para a capital.
Depois desta fase de sua vida, a lateral de sua casa e o prédio vizinho se tornaram um ‘point’ na cidade; na frente funcionava o ‘Bar Ouro Verde’ e nos fundos, um ‘Campo de Bocha’, onde enchia de clientes e amigos. Angelim estava à frente dos dois comércios; com o passar do do Angelim, este ficara só no Campo de Bocha.
O seu Angelim plantou uma boa semente em nossa cidade. Sempre adorava animais, principalmente aves, sempre criava frangos, galizé, pavão… Além da vida familiar, da filantropia, do entretenimento, era rodeado de bons amigos, como Raif Jabur, Antônio Pípolo, frei Paulino. Eles jogavam ‘buraco’ e alguns amigos o chamavam de ‘Sucuri’, haja vista as várias histórias de pescaria que sempre contava.
Ele era pescador apaixonado, ia pescar lá no rio Teles Pires, no norte do Mato Grosso, com vários amigos, Emílio Manfio, Eduardo Mazanathi, doutor Fábio dentista… demoravam uma semana para chegar lá de caminhão, asfalto nem pensar na época. Há quem diga que foram até no Amazonas… 40 dias pescando.
Angelim nos deixou o seu legado de ótimo filho, irmão, esposo, pai, avó, tio, cunhado, amigo, vizinho, cidadão… enfim, um grande ser humano, que deixou para seus cinco filhos, 14 netos, 15 bisnetos e todos nós uma bela obra de dedicação à família e ao próximo, sendo referência de cidadão, trabalho, família e religiosidade, quatro pilares para uma verdadeira sociedade fraterna!
Louvado seja o nosso Amigo e Senhor Jesus Cristo! Paz e Bem.

Romildo Pereira de Carvalho é cabeleireiro e historiador, colaborador voluntário de O Diário do Vale.

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